quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ANOS 60

Os anos 50 chegaram ao fim com uma euforia consumista proporcionada pela prosperidade do pós guerra nos USA. A nova década que se inicia vem com promessa de mudanças de comportamento provocada pelo Rock’n Roll e pelo rebolado de Elvis Presley.
As moças bem comportadas já começavam a abandonar as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de liberdade.
Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de juventude em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que começavam a se opor à sociedade de consumo vigente.
Nesse cenário, a transformação da moda iria ser radical. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento.
Na moda, a grande vedete dos anos 60 foi, sem dúvida, a minissaia. Dois estilistas dividem sua criação (Mary Quant e André Courrèges), porém, ambos admitem que a minissaia, na verdade, foi criada nas ruas. Não há dúvidas de que passou a existir, a partir de meados da década, uma grande influência da moda das ruas nos trabalhos dos estilistas. Mesmo as idéias inovadoras de Yves Saint Laurent como a criação de japonas e sahariennes [estilo safári], foram atualizações das tendências que já eram usadas nas ruas de Londres ou Paris.
Em 1965, na França, André Courrèges operou uma verdadeira revolução na moda, com sua coleção de roupas de linhas retas, minissaias, botas brancas e sua visão de futuro, em suas "moon girls", de roupas espaciais, metálicas e fluorescentes. Enquanto isso, Saint Laurent criou vestidos tubinho inspirados nos quadros neoplasticistas de Mondrian e o italiano Pucci virou mania com suas estampas psicodélicas. A alta-costura cada vez mais perdia terreno e, entre 1966 e 1967, o número de maisons inscritas na Câmara Sindical dos costureiros parisienses caiu de 39 para 17. Consciente dessa realidade, Saint Laurent saiu na frente e inaugurou uma nova estrutura com as butiques de prêt-à-porter de luxo, que se multiplicariam pelo mundo também através das franquias.Com isso, a confecção ganhava cada vez mais terreno e necessitava de criatividade para suprir o desejo por novidades. O importante passaria a ser o estilo e o costureiro passou a ser chamado de estilista.
Londres era o centro das atenções e viagem dos sonhos de todos os jovens. A cidade da moda, afinal, estava lá o maior fenômeno da época, Os Beatles!
A moda masculina foi muito influenciada, nos início da década, pelas roupas que os quatro garotos de Liverpool usavam, especialmente os paletós sem colarinho de Pierre Cardin e o cabelo de franjão. A silhueta era mais ajustada ao corpo e a gola rolê se tornou um clássico do guarda-roupa masculino. No Brasil, a Jovem Guarda fazia sucesso na televisão e ditava moda.
No final dos anos 60, de Londres, o reduto jovem mundial se transferiu para São Francisco (EUA), região portuária que recebia pessoas de todas as partes do mundo e também por isso, berço do movimento hippie, que pregava a paz e o amor, através do poder da flor [flower power], do negro [black power], do gay [gay power] e da liberação da mulher [women's lib]. Manifestações e palavras de ordem mobilizaram jovens em diversas partes do mundo.A esse conjunto de manifestações que surgiram em diversos países deu-se o nome de contracultura. Uma busca por um outro tipo de vida, underground, à margem do sistema oficial.
No Brasil, o grupo "Os Mutantes", formado por Rita Lee e os irmãos Arnaldo e Sérgio Batista, seguiam o caminho da contracultura e afastavam-se da ostentação do vestuário da jovem guarda, em busca de uma viagem psicodélica. (FOTO Mutantes)
Estava na moda as roupas antes reservadas às classes operárias e camponesas, como os jeans americanos. Nas butiques chiques, a moda étnica estava presente nos casacos afegãos, fulares indianos, túnicas floridas e uma série de acessórios da nova moda, tudo kitsch, retrô e pop.
Toda a rebeldia dos anos 60 culminaram em 1968. O movimento estudantil explodiu e tomou conta das ruas em diversas partes do mundo e contestava a sociedade, seus sistemas de ensino e a cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética. No Brasil, lutava-se contra a ditadura militar.
Talvez o que mais tenha caracterizado a juventude dos anos 60 tenha sido o desejo de se rebelar, a busca por liberdade de expressão e liberdade sexual.
Os 60 chegaram ao fim, coroados com a chegada do homem à Lua, em julho de 1969, e com um grande show de rock, o "Woodstock Music & Art Fair", em agosto do mesmo ano, que reuniu cerca de 500 mil pessoas em três dias de amor, música, sexo e drogas.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Anos 50

Com o fim da guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos anos de 1950 se tornou mais feminina e glamourosa como já previa o “New Look” de Christian Dior e também foi ele quem ditou a moda durante toda a década de 50. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias.
Com o fim da escassez dos cosméticos, a maquiagem virou moda e ela enfatizava o olhar. Com isso, houve uma infinidade de lançamentos de sombras, rímeis, lápis para olhos e sobrancelhas e o indispensável delineador. Também foi a época das tintas para o cabelo. Os dois principais símbolos de beleza da época foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot.
Durante os anos 50, a alta-costura viveu o seu apogeu. Nomes importantes da criação de moda, como o espanhol Cristobal Balenciaga - considerado o grande mestre da alta-costura -, Hubert de Givenchy, Pierre Balmain, Chanel, Madame Grès, Nina Ricci e o próprio Christian Dior, transformaram essa época na mais glamourosa e sofisticada de todas.
Em 1954, Chanel reabriu sua maison em Paris, que esteve fechada durante a guerra. Aos 70 anos de idade, ela criou algumas peças que se tornariam inconfundíveis, como o famoso tailleur com guarnições trançadas, a famosa bolsa a tiracolo em matelassê e alça de corrente dourada, e o escarpin bege com ponta escura.
A indústria norte-americana estava cada vez mais forte e com as técnicas de produção em massa cada vez mais bem desenvolvidas e especializadas.Na Inglaterra, empresas como Jaeger, Susan Small e Dereta produziam roupas prêt-à-porter sofisticadas. Na Itália, Emilio Pucci produzia peças separadas em cores fortes e estampadas que faziam sucesso tanto na Europa como nos EUA.Na França, Jacques Fath foi um dos primeiros a se voltar ao prêt-à-porter, ainda em 1948, mas era inevitável que os outros estilistas começassem a acompanhar essa nova tendência a medida que a alta-costura começava a perder terreno, já no final dos anos 50.Nessa época, pela primeira vez, as pessoas comuns puderam ter acesso às criações da moda sintonizada com as tendências do momento.
A Guerra Fria, travada entre os Estados Unidos e a então União Soviética ficou marcada, durante os anos 50, pelo início da corrida espacial, uma verdadeira competição entre os dois países pela liderança na exploração do espaço.
Os Estados Unidos estavam vivendo um momento de prosperidade e confiança, já que haviam se transformado em fiadores econômicos e políticos do mundo ocidental após a vitória dos aliados na guerra. Isso fez surgir, durante esse período, uma juventude abastada e consumista, que vivia com o conforto que a modernidade lhes oferecia.
A televisão se popularizou e permitia que as pessoas assistissem aos acontecimentos que cercavam os ricos e famosos, que viviam de luxo, prazer e elegância, como o casamento da atriz Grace Kelly com o príncipe Rainier de Mônaco.
Ao som do rock and roll, a nova música que surgia nos 50, a juventude norte-americana buscava sua própria moda. Assim, apareceu a moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e jeans.
O cinema lançou a moda do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no filme "Juventude Transviada" (1955), que usava blusão de couro e jeans. Marlon Brado do também sugeria um visual displicente no filme "Um Bonde Chamado Desejo" (1951), transformando a camiseta branca em um símbolo da juventude.
Ao final dos anos 50, a confecção se apresentava como a grande oportunidade de democratização da moda, que começou a fazer parte da vida cotidiana. Nesse cenário, começava a ser formar um mercado com um grande potencial, o da moda jovem, que se tornaria o grande filão dos anos 60.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Anos 40

Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado na Europa. A cidade de Paris, ocupada pelos alemães em junho do mesmo ano, já não contava com todos os grandes nomes da alta costura e suas maisons. Muitos estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo as levaram para outros países. Ainda assim, 92 ateliers, mantiveram as portas abertas durante a guerra.
Apesar das regras de racionamento, impostas pelo governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar, a moda sobreviveu à guerra. As mulheres passaram a reformar suas roupas e utilizar materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. O corte era reto e masculino, em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o "tweed". As saias eram mais curtas, compregas finas ou franzidas. As calças compridas se tornaram práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram populares. O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem do mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas.
Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Com a dificuldade em encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendê-los e formar cachos. Os lenços também foram muito usados. A maquiagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha despertado seu interesse pelos chapéus, que eram muito criativos.
A alta costura ficou restrita às mulheres de comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e àquelas que, de alguma forma, podiam frequentar os salões das grandes maisons.
Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e criar novos modelos.
A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do "sportwear" americano. Com isso, o "ready to wear" (pronto para usar), depois chamado de "prêt à porter" pelos franceses, que até então havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática, moderna e elegante de se vestir.
Durante a guerra, Coco Chanel envolveu-se romanticamente com um oficial alemão e chegou a ser acusada de contribuir com o Reith numa operação chamada "chapéu da moda" que visava convencer Churchill, com quem tinha boa relação, a ouvir uma proposta de paz alemã.
O envolvimento com os alemães lhe rendeu algumas horas de interrogatório e um exílio na Suiça. Chanel só reabriu sua maison em Paris no ano de 1954, já com 70 anos de idade.
O Perfume Chanel nº 5, criado em 1923, porém, nunca deixou de ser vendido e está, até hoje, entre os mais vendidos do mundo. Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e confirmar a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas com trajes criados por todos os grandes nomes da alta costura francesa.
No dia 27 de março de 1945, "Le Théatre de la Mode" encantou seus convidados com suas 237 bonecas devidamente vestidas, da roupa esporte ao vestido de baile, com todos os acessórios, peles, sapatos, em acabamento de luxo, idênticos aos de tamanho natural. Mais de 200 mil pessoas visitaram a exposição que seguiu para vários países como Espanha, Inglaterra, Áustria e Estados Unidos.
Em 1947, o francês Christian Dior, lança sua primeira coleção e surpreende a todos com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e sapatos de salto alto. O sucesso imediato do seu "New Look", como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos durante a guerra.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Anos 30

A queda da Bolsa de Nova York, em 1929, provocou uma crise econômica mundial sem precedentes. Milionários ficaram pobres de um dia para o outro, bancos e empresas faliram e milhões de pessoas perderam seus empregos.
Em geral, os períodos de crises não são caracterizados por ousadias na forma de se vestir. Diferentemente dos anos 20, em que predominava a silhueta tubular, de corte reto, os anos 30 redescobriram as formas do corpo da mulher através de uma elegância refinada, sem grandes ousadias.
O corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite marcaram os anos 30, que elegeram as costas femininas como o novo foco de atenção.
As pessoas da época descobriram o esporte, a vida ao ar livre e os banhos de sol. Os mais abastados procuravam lugares à beira mar para passar férias. Seguindo as exigências das atividades esportivas, os saiotes de praia diminuíram, as cavas aumentaram e os decotes chegaram até a cintura, assim como alguns modelos de vestidos de noite.
A mulher da época devia ser magra, bronzeada e esportiva, o modelo de beleza da atriz Greta Garbo. Seu visual sofisticado, com sobrancelhas e pálpebras marcadas com lápis e pó de arroz bem claro, foi também muito imitado pelas mulheres.
Alguns modelos de roupas surgiram com a popularização da prática de esportes, como o short. Um acessório que se tornou moda nos anos 30 foram os óculos de sol.
Em 1935, Salvatore Ferragamo, um dos principais criadores de sapatos, lançou sua marca que viria a ser um dos principais impérios do luxo italiano. Com a crise na Europa, Ferragamos começou a usar materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e os primeiros materiais sintéticos. Sua principal invenção foi a palmilha compensada.
Coco Chanel continuava sendo sucesso, assim como Madeleine Vionnet e Jeanne Lanvin. A surpreendente italiana Elsa Schiaparelli iniciou uma séria de ousadias em suas criações, inspiradas no surrealismo.
Assim como o corpo feminino voltou a ser valorizado, os seios também voltaram a ter forma. A mulher então recorreu ao sutiã e a um tipo de cinta ou espartilho flexível. As formas eram marcadas, porém naturais.
Nessa época, o termo prêt-à-porter ainda não era usado, mas os passos para o seu surgimento eram dados pela boutique, palavra então muito utilizada que significava "já pronto". Nas boutiques surgiram os primeiros produtos em série assinados pelas grandes maisons.
No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, que estourou na Europa, em 1939, as roupas já apresentavam uma linha militar, assim como algumas peças já se preparavam para dias difíceis, como as saias, que já vinham com fendas laterais, para facilitar o uso de bicicletas. Muitos estilistas fecharam suas maisons ou se mudaram da França para outros países. A guerra viria transformar a forma de se vestir e o comportamento de uma época.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Novidade no blog!

Pra vcs que gostam e têm curiosidade sobre a História da Moda e do Vestuário, a partir desta semana, e sempre às quartas feiras, faremos um resumo por década desta fascinante parte da nossa história! Estilistas, curiosidades, momento histórico e político, etc... E pra começar muito bem, vamos à década de 1920! Esperamos que gostem e nos acompanhem nas próximas semanas! Beijos!

Anos 20

Uma década próspera, animada pelas jazz bands e pelas melindrosas - mulheres modernas da época, que frequentavam os salões e traduziam no modo de se vestir e no comportamento todo o espírito da Era do Jazz.
A sociedade da época frequentava óperas, teatros e os cinematógrafos, que exibiam os filmes de Hollywood. Seus astros serviam de referência para o modo de se vestir, especialmente das mulheres.
A cantora e dançarina Josephine Baker causava alvoroços com seus trajes sempre ousados e já serviu de inspiração para grandes estilistas, inclusive brasileiros, como foi o caso de Dudu Bertholini, da Neon, no último SPFW.
A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda, que facilitavam os movimentos do Charleston (dança da época). As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O chapéu mais usado era o "cloche", enterrado até os olhos e só podia ser usado com cabelos curtíssimos, a "La Garçonne" como era chamado.
A década de 20 foi da estilista Gabrielle Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos.
Chanel revolucionou a moda tirando os espartilhos dos vestidos, introduzindo a calça comprida ao guarda roupas feminino e fazendo vestidos pretos, o que era impensável na época.
Outro nome importante da década é Jean Patou, estilista francês que se destacou na linha "sportware", criando coleções inteiras para a estrela do tênis Suzanne Lenglen que as usava dentro e fora das quadras, inspirando mulheres da época. Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das fábricas, do rádio e do início do cinema falado.
Toda a euforia dos anos 20 acabou no dia 29 de outubro de 1929 com a quebra da bolsa de Nova York. Os anos seguintes ficaram conhecidos como a "Grande Depressão", marcado por falências, desemprego e desespero.